D.P. Dog Day – A denúncia ao símbolo do patriotismo sul coreano

Na trama, acompanhamos a história de An Jun-ho (Jung Hae-in – Something in the rain), que começa um dia antes do seu alistamento, e mostra o difícil treinamento que os soldados precisam passar. Devido seu raciocínio rápido, Jun-ho consegue um posto na polícia militar do exército, a Deserter Pursuit (DP  – Perseguição ao desertor, em tradução literal para o português), cujo trabalho é encontrar aqueles que fugiram do serviço militar. Ele e sua dupla, o Coronel Han Ho-yul (Koo Kyo-hwan – Invasão Zumbi 2), logo conseguem destaque por sua taxa de sucesso nas capturas. 

An Jun-ho e Han Ho-yul, dupla da DP| QUILOMBO GEEK
An Jun-ho e Han Ho-yul, dupla da DP. –  Foto: Divulgação/Netflix/Blackaura

Mas o que faz um soldado desertar, sabendo que estaria sujeito a perseguição e punições, além de não conseguir estabelecer vínculo empregatício regular e ser mal visto pela sociedade? Desde o primeiro episódio, a série faz questão de mostrar que a rotina pesada é a menor das preocupações dos militares novatos. Humilhações, chantagens, assédios, restrições de sono e alimentação, espancamento e até tortura. Esses são motivos que levam a fuga, ao suicídio e até ao homicídio. E infelizmente, isso não está restrito à ficção, possuindo vários casos reais. 

Um artigo da Universidade de Columbia, nos Estados Unidos, mostra em detalhes o serviço militar sul-coreano e exemplifica abusos relatados. Alguns dos que são descritos no estudo:

– Um soldado foi forçado a beber sangue de frango; 

– Um soldado foi forçado a comer baratas;

– Um soldado foi obrigado a comer 30 alimentos congelados, vomitá-los e comê-los novamente. A cada vez que vomitava, era alvo de uma surra de oficiais de patente superior;

– Um soldado foi amarrado a um tanque e torturado por oficiais de patente superior. 

Na série há cenas muito pesadas, que podem ser gatilho para alguns e desagradável para pessoas sensíveis a violência, por isso não é aconselhável para todos os públicos. No entanto, a exposição de tais cenas, de forma tão crua, deixam a trama mais real. O debate desses assuntos é pertinente até mesmo para o Brasil, pois a violência policial/militar também é presente em nosso país. 

D.P. Dog Day: k-drama com Jung Haein estreiou em agosto na Netflix |Quilombo Geek
Foto: Netflix|Divulgação

Em entrevista à Reuters, o diretor Han Jun-hee disse que seu objetivo é contar uma história humanizada sobre como o sistema coloca os fugitivos como vítimas e criminosos ao mesmo tempo, além do fardo imposto àqueles que são forçados a persegui-los. Esse fardo se deve a relação de irmandade que os soldados possuem entre si, sendo desconfortável para os policiais do exército, principalmente para aqueles que conhecem as aflições do desertor. “‘D.P’ fala sobre perseguir um desertor, mas ao mesmo tempo é uma história paradoxal sobre procurar o filho, irmão, ou amor infeliz de alguém“, explicou Han.

Apesar do tema denso e pesado, há momentos engraçados na série, principalmente na relação entre Jun-ho e seu colega Ho-yul, o que ajuda a aliviar a tensão das cenas. O kdrama foi lançado em agosto de 2021, e obteve uma repercussão muito positiva, tanto por causa da atuação quanto pela história.

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