Thor: Amor e Trovão – O mais do mesmo e a falta de coragem da Marvel

Taika Waititi é um dos diretores mais queridos da indústria norte-americana de cinema. Não à toa, é responsável pelo sucesso de Thor: Ragnarok (2017) e de filmes como JoJo Rabbit (2019) e O que fazemos nas sombras (2014). Isso daria a ele carta aberta para seguir seus projetos no Universo Cinematográfico da Marvel, mas não é bem isso que vemos em Thor: Amor e Trovão.

Muito desse insucesso vem da inconstância dos últimos filmes da Marvel no cinema. Sem conseguir se firmar após Vingadores: Ultimato (2019), a casa das ideias (Marvel), e a casa do dinheiro (Disney) tentam expandir o universo, buscando outros conceitos como multiverso etc. Em Amor e Trovão temos mais uma adição a essa mistura de conceitos: os deuses. Sim. Thor, Odin e Loki foram apresentados ainda nos primeiros filmes como deuses, mas a partir dessa fase da Marvel o conceito vem se ampliando. E nada contra essa ampliação, mas sim em como ela é feita e colocada na tela.

Homem branco com barba branca, cabelo branco grande e encaracolado, gordo, vestido com uma armadura dourada que tem uma águia no meio. Ele está entre duas mulheres brancas, a da direita tem cabelo loiro, preso num coque com dois cachos caindo perto das orelhas e usa um vestido branco com detalhe dourado no pescoço e a da equerda tem cabelo castanho e usa um vestido com detalhes dourados no pescoço também. Ao fundo tem uma parede com detalhes brancos e dourados. | Quilombo Geek
Zeus (Russel Crowe) em “Thor: Amor e Trovão”. Foto: Marvel/Reprodução

Antes de mais nada, façamos de conta que não existe esse esquema de pirâmide nos filmes da Marvel, mesmo assim o filme mais recente do deus do trovão não funciona, por uma série de motivos, principalmente pela falta daquilo que seu diretor tem de melhor: timing cômico. Tudo na película parece ser jogado e exagerado propositalmente, com o intuito de gerar confusão ou de se autoparodiar, mas esse desejo esbarra em algo que ele não entrega: graça. 90% das piadas não têm graça ou são recicladas dos filmes anteriores. A parte que poderia se destacar mais, o plot com a apresentação da Poderosa Thor, é relegada a ela um papel secundário e um peso dramático tão desproporcional ao que o filme tenta imprimir de humor. Uma pena, pois a personagem certamente renderia bem mais cenas de ação e protagonismo se o roteiro tivesse um pouco mais de autonomia e não estivesse ligado sempre a um grande plano megalomaníaco da Marvel/Disney.

Mulher branca, de cabelo loiro e liso, usa uma armadura prata com preto no coleta e a saia vermelha, tem capa vermelha e nos braços usa luvas de armadura metálicas. Ao fundo tem paredes creme com duas portas arredondadas e uma bandeira no canto. | Quilombo Geek
Jane (Natalie Portman) como Poderosa Thor. Foto: Marvel/Reprodução

Além disso, o filme visualmente é um dos menos inspirados do Taika Waititi. Talvez uma limitação imposta pelo próprio estúdio (nunca saberemos), o que sabemos é aquilo que está na tela, uma reciclagem de plots, de efeitos, de cores e de situações de outros filmes, isso aliado a um CGI que é no mínimo questionável e a um roteiro fraco.

Homem branco, com cabelos loiros compridos, meio ondulados, ele veste uma regata, um colete vermelho de couro, calça jeans colada com cinto de fivela grande e segura um grande martelo. Ao fundo tem nuvens cor de rosa e no canto esquerdo, nuvens pretas. | Quilombo Geek.
Foto: Marvel/Reprodução

Tal como um Ouroboros, o Universo Cinematográfico da Marvel morde seu próprio rabo e se sabota ao prometer um filme e, ao mesmo tempo, limitar todas suas possibilidades a cenas previsíveis e apáticas, em um roteiro pouco inspirado e que certamente agrada um público fiel, mas que ao mesmo tempo não entrega nada de novo. A expectativa do público é sempre para a cena pós crédito, como em uma versão moderna do “na volta a gente compra”, mas essa volta nunca chega.

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