“Afrodhit” é o “Lemonade” do Brasil?

No início do mês, dia 3 de agosto, a cantora IZA lançou o tão aguardado segundo álbum de estúdio: Afrodhit. O nome vem da mescla de Afrodite – deusa grega do amor, da beleza e da fertilidade – com Afrobeat – ritmo caracterizado pela mistura de ritmos de raiz africana, como o jazz, o funk e o highlife. 

IZA em Afrodhit | Quilombo Geek
Foto: Assessoria de Comunicação da IZA

Apesar de trazer muitas letras que celebram o amor e o empoderamento, Afrodhit também tem versos nos quais IZA expõe coisas que aconteceram com ela, segundo a artista mesmo afirmou em coletiva “Eu passei por um processo de evolução sabe, para falar sobre coisas que aconteceram ou sobre coisas que não me sentia sei lá… confortável para falar, sabe?”. Letras essas que, mesmo que não falem somente de eventos que IZA passou, apontam pistas para as possíveis razões do divórcio com o ex-marido e produtor Sérgio Santos.

Por essa razão, internautas da internet indicaram a semelhança do novo projeto de IZA com Lemonade de Beyoncé, álbum em que a cantora texana expõe as traições e crises que viveu com seu marido Jay-Z. Os versos das músicas “Que se vá” e “Fé nas malucas”, justificam bem essa comparação. 

Na segunda estrofe de “Que se vá”, IZA diz: “Ouvi dizer que tá andando de carrão/Roupa de Marca e tênis de coleção/ Viagem cara, ontem tava em Milão/ Sinto em dizer que eu cancelei o teu cartão”. Mostrando que quem sustentava os luxos do rapaz da música era a eu lírico da canção, no caso, a Afrodhit.

 E na sexta estrofe fica ainda mais explícito que a diva estava falando de seu relacionamento passado, quando ela afirma: “Quis até o pote da cozinha, vê se pode?/Lembrei que cobra abraça antes de te dar o bote / Quando tava na pior, eu que tava contigo/ Dez milhões de dias, se eu cobrar, tu tá fud-”. Principalmente nesse último verso, indicando que a eu lírico da música tinha passado por um divórcio e a divisão de bens, assim como ela. 

Em “Fé nas malucas”, single do álbum que possui um clipe que usou referências como “Bacurau” (2019), Garnet de “Steven Universo”, “Splash: Uma sereia em minha vida” (1984), “Cocoon” (1985), a funkeira Carol de Niterói canta “Filha da p*ta quer dinheiro fácil” e completa “Tu dizendo que me ama/E eu enchendo seu de grana”. Ou seja, a eu lírico desse verso afirma dessa vez que a carreira dela sustentava o tal parceiro. 

E o clipe de “Fé nas maluca” também indica isso visualmente. A personagem principal, “Mulher de pedra milagreira”, é constantemente explorada pelo homem que a encontrou. Sem liberdade para viver a vida como gostaria, algo que remete às falas de IZA sobre se sentir muito mais livre no atual momento de sua carreira. 

A cantora afirmou em entrevista para Splash Entrevista com o Zeca Camargo que : “Acabo expressando muito o que eu sinto através das minhas músicas, né? Acho que não teria como eu ignorar simplesmente o que aconteceu. Então seria muito assim impossível que eu ignorasse as coisas que eu estava sentindo.” Ou seja, a cantora não deu nenhum ponto sem nó no álbum e, assim como fez Beyoncé em Lemonade, usou sua música para falar do que lhe causou dor. 

Novamente, da mesma forma que a cantora texana realizou tal feito com qualidade e maestria, criando um dos maiores álbuns da música pop, IZA também conseguiu com Afrodhit. A sensação que temos é que finalmente estamos conhecendo a verdadeira face da cantora, de fato sem filtro, fazendo o que quer, com liberdade, independência e sem medo. Uma verdadeira deusa exalando arte a cada melodia e letra. 

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